domingo, maio 18, 2008

for emma, forever ago - bon iver (2008)


não são poucas as vezes em que os mitos influenciam a forma como ouvimos determinada música. a história por detrás desta ou do autor dá-nos, tantas vezes, uma perspectiva que enquadra e humaniza a obra. e este é um dos casos: justin vernon, o artista em questão, deixa a banda que não ia a lado nenhum, termina uma relação de longa data com a namorada e refugia-se numa cabana no meio do nada, em pleno inverno, isolando-se por quatro meses do resto do mundo. para sobreviver caça. para manter a sanidade mental compõe e grava.

o resultado é uma obra-prima, uma colecção de canções de um homem que perde tudo menos as suas memórias, medos e angústias.

folk introspectivo, catártico e claustrofóbico, onde todos as peças se fundem num perfeito retrato de um mito. a voz frágil aproxima-se, por vezes, do registo da de neil young ou elliot smith, mas é aqui reforçada pela sobreposição de várias pistas, acentuando uma tonalidade quase-celestial, qual coro de amigos-imaginários que se juntam à alma torturada em busca de rumo; o uso de pequenos artíficios electrónicos nunca coloca em causa o sentimento de privação que ecoa da música e as letras, na sua aparente falta de lucidez, são o espelho que reflecte a perda de sanidade e equilibro emocional de alguém à beira de um precipício...

ouça-se o álbum numa escura noite de inverno e certamente tudo aqui fará sentido.


the wolves (act I & II)

sábado, maio 03, 2008

heavy trash - tagv, 02.05.08


"are you ready? are you ready? ARE YOU READY?" não senhor jon spencer... não estava preparado para isto... já conhecia a sua reputação como performer, conhecia as músicas e sim, é material de qualidade, mas nada nem ninguém me preveniu para este turbilhão de rock'n'roll e rockabilly e garage e o diabo a sete! posso dizer-lhe que a guitarra do matt verta-ray ainda grita nos meus ouvidos e que ontem, ainda o concerto ia a meio e já me doia a perna de tanto bater...

foi tudo insuportavelmente bom até ao encore e aquela versão da they can't win a fechar o set principal foi pura cobardia! devia ser proibido provocar tamanha excitação num homem... abrir o encore com a shirt jac dos blues explosion também não se faz, mas vá lá que depois acalmaram um bocadinho! é que se continuassem ao mesmo ritmo tinha que vos proclamar, alto e bom som, a melhor banda de rock'n'roll do mundo e arredores e de todos os tempos e eras!

provavelmente o melhor concerto de rock'n'roll puro e duro que alguma vez vi! e já vi alguns...