quarta-feira, janeiro 31, 2007

"invisible jukebox I"

seguindo o exemplo de uma boa ideia do pessoal do fórum sons, pretendo aqui criar uma rúbrica nos seguintes moldes:

- periodicamente vou apresentar aqui uma compilação para download;
- quem quiser fará o download e deixará comentários a cada uma das faixas;
- tendo em conta que vou apagar os nomes dos autores das músicas, dos álbuns ou quaisquer outras informações, também podem, nos comentários a cada uma das faixas, tentar perceber quem é o músico/banda em questão;
- algum tempo depois eu apresento os nomes dos músicos/bandas/faixas/álbuns e pode então gerar-se uma discussão saudável;
- tendo em conta que os uploads que farei têm tempo limitado para download (cerca de 7 dias) se, quando quiserem fazer o download, este já não estiver disponivel deixem essa informação nos comentários que eu renovo o link;
- é também possível haver uma participação ainda mais activa de todos os participantes, deixando, por exemplo, cada um de vós, compilações nos mesmos moldes;

espero que participem... e que se divirtam...

a primeira compilação chama-se então i'll hold you 'till the sun goes down...

concertos a não perder...

* pearl jam - 8 junho - passeio maritimo de algés
* bonnie "prince" billy/will oldham - data e local ainda desconhecidos


(bonnie "prince" billy - i see a darkness)

terça-feira, janeiro 30, 2007

cat power... ou recordações de um dia perfeito...





"Cat Power - Cinema Batalha - 5/11/06

21h30... 30 minutos depois da hora prevista baixam as luzes da sala e entram em palco o guitarrista Judah Bauer (Jon Spencer Blues Explosion), o baterista Jim White (Dirty Three), o teclista Greg Foreman (The Delta 71') e o baixista Eric Papparozzi. Segue-se uma jam bluesy. A jam prolonga-se... 1 minuto, 2 minutos... 3, 4, 5, 6... o público, conhecedor do (mau) feitio da "diva" começa a questionar-se: "Então? Será que ela não vem?". A jam termina e o Greg Foreman aborda o intro da The Greatest. O público jubila!! "É agora que ela vem!!" Os músicos vão tocando em círculos à volta da simples progressão de acordes. A intro prolonga-se. A "diva" não se vislumbra. A dúvida instala-se na sala. Sente-se um agitar nervoso, as mãos que passam no cabelo, as unhas que se vão roendo: "Mas ela vem ou não? Ouvi dizer que ela já andava bem... mas também ouvi dizer que o concerto ontem na Aula Magna não correu lá muito bem. Será que a rapariga não vem?!?". Uns bons minutos depois, Chan Marshall desfaz todas as dúvidas e entra finalmente em palco. Copo na mão, vestido curto e com decote no corpo. E a voz... e que voz. O "veludo", os maus tratos repetidos ano após ano (álcool e cigarros)... que voz. "Once I wanted to be the greatest...".

É fácil perceber o que de diferente trás esta banda às músicas de Cat Power: blues rock! Não é um concerto intimista, guitarra ao colo, piano colado aos dedos; não é um concerto a fugir para o soul, com coros, sopros e cordas, como vinha sendo hábito com a banda que a acompanhou até à bem pouco tempo desde as sessões de gravação do último álbum. Este é só o segundo concerto que estes músicos dão juntos! E isto, senhores e senhoras, é blues rock! Isto é para bater o pé! Não muito, mas bate-se. A intimidade lê-se só nas letras, sempre pessoais, retratos de honestidade, de medos e dúvidas. E a voz... a pairar sempre acima, muito acima de tudo o resto...

O alinhamento vai sendo percorrido... Willie, Hate, Living Proof... enfâse clara no último álbum! Ok, menina Chan... assim seja!! Where is my love, o arrepio. E algures por aqui o mau génio: vira-se para os músicos, aponta para a setlist dizendo "Do you know were the fuck we are?" (ou coisa do género). Olham uns para os outros, encolhem os ombros... decide ela começar a próxima música mas o Greg Foreman não entra atempadamente! A senhora manda parar a música: "This is very annoying!". Recomeça... tudo perfeito, tudo belo... valha a verdade: qualquer cacofonia soaria decente com aquela voz a planar por cima e cacofonia é coisa que não há aqui.

O alinhamento continua, música atrás de música, pérola atrás de pérola, músicas dos Stones (Satisfaction), dos Gnarls Barkley (Crazy), que se tornam, naqueles minutos, dela - e a surpresa: afinal a Satisfaction não precisa do refrão para ser rock'n'roll de primeira água. Não há aqui espaço para as músicas dos primeiros álbuns. Isto é uma nova Cat Power: alegre, extrovertida, atrevida, sexy, bem-humorada (veja-se o pormenor em Where Is My Love: brincando com o hábito de quase todos os elementos do público acenderem um isqueiro nas baladas, é a própria Chan quem saca de um e o agita acima da sua cabeça).

Pouco mais de uma hora depois (Já? Passou rápido...) o concerto parece terminar. A banda despede-se. A menina também. O público bate palmas. Levanta-se. A menina afinal não sai e senta-se ao piano, pede chá para a garganta (queixa-se de problemas com a voz... pois sim!) e volta a encantar: uma cover dos Fairport Convention e a beleza de I Don't Blame You. A verdadeira Cat Power está aqui, sozinha ao piano. Estes últimos minutos são um arrepio de beleza constante... levanta-se do piano, vai ao microfone, canta uma música que não reconheci a capella (Bolas! Até assim soa bem...) e despede-se com um sorriso. Até à próxima. O público reconhece a beleza e ovaciona de pé.

What part of me do you want? (questiona, brincando, a meio do concerto, quando Judah Bauer pede "mais Cat Power neste monitor"): a voz... só a voz..."

nota: texto publicado no daily wage há um tempinho atrás. serve aqui o propósito de reafirmação da quase-perfeição de uma artista, um concerto e um dia na minha vida... e também "enche espaço", confesso...

baba o'riley



porquê baba o'riley? porque é o nome de uma canção que sempre me disse e diz muito... uma daquelas que me acompanha desde que me conheço e que, mesmo sem análises nenhumas, me deixa sempre optimista e com vontade de saltar e fazer air-guitar (e que pena é não ter aqui um espelho à mão!)...

porquê pearl jam, sendo a música dos the who? porque os clips que encontrei dos the who não traduziam completamente o que sinto quando ouço esta música; e porque também os pearl jam significam muito para mim... são como a antiga namorada do liceu, que agora até já nem nos diz muito, mas que, de quando em vez, recordamos com saudosismo e nostalgia (comparação que dá a entender que não vejo pertinência na actualidade dos pearl jam - o que é mentira! continuam a ser uma das melhores bandas rock que por aí andam...)

para quê este blog? porque sou um apaixonado pela música, ponto final. porque quero um espaço em que posso falar daquilo que ouço e, com isso, ir mostrando a outros coisas que podem, para eles, um dia significar o mesmo que para mim. exagero? pretensiosismo? não... se não me tivessem mostrado muitas das coisas que hoje ouço, muitas vezes acompanhando a novidade de um "isto é muito bom, ouve com atenção", seria díficil tê-las conhecido... mas mais do que isso quero escrever sobre aquilo que ouço, sobre aquilo que mexe comigo... também haverá aqui espaço para alguns comentários a obras cinematográficas e literárias que me digam algo... enfim...

vão aparecendo... vão comentando...